Saúde. “96% das farmácias online são ilegais”: o flagelo dos sites de venda de medicamentos falsos

Na internet, uma simples busca usando uma molécula revela dezenas de sites que se passam por farmácias e vendem medicamentos prescritos... representando um sério perigo para pacientes enganados.
Ozempic, quetiapina ou Viagra: sites que se passam por farmácias oferecem compras online de medicamentos prescritos. Essa prática é proibida, mas está crescendo rapidamente, para desgosto dos farmacêuticos que alertam para os riscos. "Recebemos regularmente denúncias de sites que vendem produtos ilegalmente. Fazemos reclamações, mas é muito difícil rastrear; eles fecham e reaparecem imediatamente em outros lugares", lamenta Carine Wolf-Thal, presidente da Ordem Nacional dos Farmacêuticos.
Desde 2013, as farmácias estabelecidas na França podem oferecer vendas online de medicamentos sem receita médica. No entanto, uma simples busca online usando uma molécula revela dezenas de sites que se passam por farmácias e vendem medicamentos com receita. Alguns podem ser promovidos por e-mails, anúncios em redes sociais ou blogs falsos sobre saúde.
França, “o país mais visado”De acordo com o último relatório do grupo de segurança cibernética Gen, a França é "o país mais visado" por esses sites falsos de farmácias, chamados de "PharmaFraud", explica Michal Salàt, diretor de pesquisa de ameaças da Avast, empresa pertencente ao grupo.
Em todo o mundo, pesquisadores identificaram uma rede de "mais de 5.000 sites falsos que vendem tratamentos" e mais de "151.000 ataques PharmaFraud foram bloqueados" pela Avast desde janeiro na França, acrescenta. Segundo o especialista, "a forte adoção do comércio eletrônico no setor de saúde", bem como "dificuldades ocasionais no fornecimento de medicamentos", tornam a França "terreno fértil" para esse tipo de golpe.
Por sua vez, a plataforma Cybermalveillance.gouv.fr também indica ter identificado, desde o ano passado, "um número significativo de registros de nomes de domínio suspeitos com o termo 'farmácia'". "É dramático. Há uma quantidade enorme de fraudes no setor farmacêutico; é difícil quantificar, mas é muito perigoso", comenta Pierre-Olivier Variot, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos (USPO).
Comprimidos falsos contaminadosDe acordo com o Instituto de Pesquisa de Medicamentos Antifalsificação, 96% das farmácias online são ilegais; enquanto a Organização Mundial da Saúde estima que metade dos medicamentos vendidos online são falsificados. Enquanto alguns sites falsos simplesmente roubam informações pessoais, médicas ou bancárias dos compradores, outros, na verdade, entregam medicamentos falsificados ou não regulamentados.
Esses comprimidos falsos podem conter os ingredientes corretos, mas em uma dosagem incorreta e particularmente alta, um ingrediente ativo diferente ou até mesmo nenhum ingrediente ativo. Alguns estão até contaminados com aditivos tóxicos, incluindo metais pesados ou produtos químicos desconhecidos.
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E nenhum produto escapa. Tratamentos para disfunção erétil (Viagra, Cialis) são os mais populares há vários anos, mas certos antidiabéticos como o Ozempic — muito popular nas redes sociais para perda de peso — também são populares. "As pessoas podem querer evitar ir ao médico e depois ao farmacêutico, que pode se recusar a vendê-los se suspeitarem de uso indevido", lamenta a Sra. Wolf-Thal.
“Comportamento completamente aberrante”Hoje, a escassez de suprimentos — como a observada desde janeiro para diversos medicamentos psiquiátricos, como quetiapina e sertralina — também pode atrair pacientes. "Algumas pessoas ficam tão ansiosas por não ter seus medicamentos que tentam encontrar todas as soluções possíveis, mesmo que isso signifique adotar comportamentos que parecem completamente absurdos", lamenta Pierre-Olivier Variot.
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Embora alguns participantes queiram simplificar a venda online de medicamentos sem receita, o farmacêutico pede ao Estado que "adote uma linha dura". Da mesma forma, a Ordem Nacional dos Farmacêuticos questiona a "utilidade" do comércio eletrônico quando a rede de farmácias permite obter "medicamentos rapidamente com a orientação de um farmacêutico".
No entanto, a profissão está se preparando para lançar o site "Minha Farmácia na França" em outubro. "Um portal, não um mercado", insiste Pierre-Olivier Variot. "Não se trata de procurar um medicamento e ver onde encontrá-lo, mas de entrar virtualmente na sua farmácia e fazer um pedido como se estivesse lá fisicamente", explica. Quase mil farmácias já possuem sites de venda online, de acordo com a Ordem dos Farmacêuticos.
L'Est Républicain